Dias de preguiça e calma
A chuva de hoje à tarde fez-me enroscar no sofá, abrir os livros e acender a televisão, para me poder distribuir por um filme no canal Hollywood e as leituras - tãoooooooooo secantes!!! - de teoria da literatura e outras coisas quejandas. No meu jardim, as buganvílias abençoam a água que desce dos céus, gratas pela sede morta, e da cozinha já ressalta um cheirinho a pão que quero ter pronto, quentinho, para mais logo. A Laika, essa, dorme o sono dos justos, também ela enroscada nas suas mantinhas polares. A casa descansa, numa modorna de quinta-feira sem sol e eu... já tinha saudades de escrever aqui... dei-me conta agorinha mesmo! A minha convalescença da operação ao pé tem-me deixado sem ânimo para muitas das coisas que adoro fazer, e sem hipóteses de me deslocar, de sair. Há quase 5 meses que a minha vidinha se resume a ficar em casa, primeiro de cama, depois de cadeira de rodas, a seguir de andarilho, e só há uma semana é que uso canadianas. Não tem sido fácil... mas pronto, o tempo vai passando e, aos poucos, os dias vão parecendo menos longos. No passado fim de semana aventurei-me a conduzir, ao menos para ter a sensação que, se for necessário, consigo sair de casa pelo meu pé. É que esta brincadeira ainda está aí para durar... é uma recuperação que pode levar até um ano. A minha mãe é que faz um retrato fiel do que sinto: "A minha filha é um passarinho, e agora ter de ficar fechada numa gaiola, vai ser difícil..." As mães sabem sempre muito de nós, e parece que quanto mais velhos somos mais nos apercebemos que, apesar de todas as coisas que elas dizem e fazem que nos exasperam, mais nos são valiosas.
A chuva continua a cair, vejo-a pelas vidraças da portada.
Sê bem-vinda, chuva, sê bem-vinda!