Culinária de outros tempos
Não é novidade para ninguém que cozinhar faz parte dos meus muito caros passatempos e diria mesmo, a cozinha é uma terapia para mim. Também isto não é original, pois inúmeras pessoas se servem dos tachos e das panelas para limpar a paranóia dos tempos modernos das suas cabecinhas. Sempre fica mais barato que ir ao psicólogo(embora eu tenha um cá em casa!) ou, em casos extremos, ao psiquiatra. Como estou de férias e tenho um bacalhau para fazer, queria inovar e fazer assim um sabor de outros tempos mas simultaneamente inovador, com algo de modernidade. Lembrei-me que tenho massa folhada no frigorífico e resolvi ir à caça de uma receita que misturasse os dois ingredientes. Deparei-me então com termos incontornáveis hoje em dia: panela de cozer arroz, panela de cozedura lenta, cesto para cozinhar a vapor, mas sobretudo Bimby! Parece que já ninguém sabe cozinhar sem recorrer a estes instrumentos, e o que é mais grave, qualquer um hoje pode fazer um brilharete com as Bimby para todo o serviço.
Cá por mim, prefiro cozinhar ainda como se cozinhava quando eu era menina e moça: com tempo, com carinho, com forno lento, com cuidado para as gemas não cozerem no açúcar em ponto, com um avental e colheres de pau... Talvez tudo isto seja apenas porque já estou a ficar velhota, ou não! Curiosamente, sempre me assustou muito o que é rápido demais no fazer. E dei comigo a rir ao pensar que velhoses como se fazem cá por casa, nenhuma Bimby poderá fazer, porque lhe faltará sempre a enorme satisfação dos cheiros antegozados, do tempo para a massa levedar, do cheirinho a sumo de laranja...
E posto isto, como não vi qualquer receita de Bacalhau com massa folhada sem Bimby, vou mesmo ter de ir para a cozinha inventá-lo!
Abençoada terapia de cheiros e sabores com o tempo todo do mundo, que nos faz ficar como a canção " com um brilhozinho nos olhos"!